Timbuktu

A velha Timbuktu

Vai recolhendo-se

Para dormir

 

Sob a chuva 

Das incansáveis areias

Do Saara

 

A solene Timbuktu

 

A que perdeu os refrescantes oásis ao norte

As insondáveis florestas ao sul

 

E o magnífico céu sempre cheio de estrelas

 

O sal e o ouro

Os escravos

 

Viraram ossos e poeira

 

Misturaram-se à areia

Das tempestades

 

A pobre Timbuktu

Prepara-se para dormir

 

Com sua biblioteca de 700 mil livros

Que tão poucos sabem ler

 

A Timbuktu arruinada

Já está quase para dormir

 

Com seus retratos desbotados de Mansa Musa

O rei que comia ouro

E regurgitava sal

 

Sobre os pés dos escravos

 

A pobre Timbuktu

Terceira Roma na África

Glória feita de pedra e de barro

Já vai adormecer

 

Sob o olhar

Dos machados manchados de sangue

Com suas grandes portas

 

Abrindo-se para o Nada

 

Para a obstinada areia

Do Saara

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