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Artigo sobre O saxofone de Trèves

Alberto Mawakdiye, jornalista e escritor - colaborador do site Usinagem-Brasil - acaba de lançar seu terceiro livro: “O saxofone de Trèves”. O livro tem como fio condutor um misterioso saxofone, fabricado no século XIX com ligas metálicas incomuns, que aparece em vários lugares e em alguns momentos históricos, entremeados com a própria história do instrumento e de seu criador, Adolphe Sax.

Você sabia, por exemplo, que o saxofone foi proibido pelos nazistas? Pois, uma das estórias que compõem o livro coloca um saxofone - quem sabe o fabricado por Trèves - justamente nesse triste período da humanidade, com soldados nazistas caçando aqueles que se aventuravam a tocar o instrumento inventado por um judeu belga e que, além disso, havia caído no gosto dos negros norte-americanos e se tornará um dos símbolos do jazz.

Em outra das estórias, carregado por um comerciante e seu ajudante, o sax sobe as escadarias da recém-construída Torre Eiffel para ser apresentado a ninguém menos que o próprio Gustave Eiffel. O tal saxofone também teria aparecido num jazz bar no centro de São Paulo, num momento em que a proprietária enfrenta dificuldades para substituir um saxofonista que, de última hora, cancelou sua participação numa jam session, com a qual ela contava dar início à recuperação do seu endividado estabelecimento. Em outros momentos, o sax aparece na Argentina, na Líbia, na Romênia, no Velho Oeste e até num evento de divulgação de um fabricante de ferramentas.

Saxofonista amador, Mawakdiye transita por todas essas histórias com um estilo todo particular, em que combina seu talento literário com recursos jornalísticos e historiográficos, criando narrativas envolventes.

Os apreciadores de música, e particularmente de saxofone, vão saborear as estórias de “O saxofone de Trèves”, assim como aqueles que curtem a boa literatura.

“O saxofone de Trèves” está à venda no site da Editora Viseu, nas versões impressa e digital. Veja aqui.

 Resenha publicada no site Usinagem-Brasil.

Advertência

Muitos mistérios rondam o Saxofone de Trèves. Inclusive se o instrumento ainda existe, ou se de fato existiu, hipótese defendida por alguns especialistas.
 
De qualquer forma, desde a primeira notícia sobre a criação desse excepcional saxofone, produzido com uma liga metálica inusual, no século 19, o instrumento tornou-se motivo de grande interesse para pesquisadores da História da Música. E não apenas estes.
 
Relatos dispersos em publicações e manuscritos de diversos países e épocas estimularam intensa investigação sobre a vida e trajetória do saxofone criado pelo extravagante luthier francês Benoît de Trèves.
 
Este livro é outra tentativa de desvendar o enigma que envolve esse instrumento repleto de histórias.  
 
* Este capítulo faz parte de O saxofone de Trèves, lançado em agosto de 2020. O livro está à venda em edição impressa e digital na Amazon.
 

O melhor saxofone do mundo

O saxofone tido como o mais caro do mundo foi apresentado em meados dos anos 2010 em uma feira de milionários na Tailândia. Este instrumento teve o seu valor estimado em cerca de US$ 60 mil. Peça exclusivíssima, ele foi exibido em honra do rei tailandês, que, assim dizem, o apreciou muitíssimo.

Feito por luthiers altamente qualificados e montado em 65 horas, este saxofone, produzido com as mais raras ligas metálicas e chapeado com 2,82 onças de ouro, foi ainda decorado com diamantes de 2 quilates e vidro especial.
Não se sabe, porém, se a sonoridade dele faz jus ao uso de tanto material nobre, já que não foi fabricado para ser tocado em shows ou gravações, mas para ser uma peça de colecionador, e guardado a sete chaves. 

A fama de o melhor saxofone do mundo continua sendo defendida pelo velho sax Selmer Mark VI, o preferido por nove entre dez jazzistas, e que também está longe de ser barato. Um Selmer Mark VI malhado pode custar até US$ 8 mil. 

Trata-se, este saxofone, de uma das glórias da indústria da França. Tanto que em 2016 o astronauta francês Thomas Pesquet levou um modelo para tocar em uma estação espacial então em órbita da Terra, de modo a homenageá-lo.
Pesquet permaneceu no espaço quase 200 dias. Além de tocar o incensado saxofone, ele realizou várias experiências científicas e fez duas caminhadas espaciais, num total de mais de 12 horas fora na estação.

Já os saxofones mais em conta são os produzidos na China e no Vietnã (com a licença dos fabricantes chineses). Algumas versões para estudante custam meros U$ 400. Os modelos mais comuns saem por volta de US$ 700.
Apesar da acusação de serem meio desafinados, de apresentarem sonoridade ruim e de se estragarem com facilidade, os saxofones chineses são, faz anos, os mais vendidos do mercado.

 Diz-se nos círculos mais bem informados, porém, que o melhor e mais caro saxofone do mundo prossegue sendo o Saxofone de Trèves, do qual só existe o protótipo fabricado pelo luthier maldito em meados do século 19. 

As poucas tentativas de produzir versões piratas do mítico instrumento foram facilmente desmascaradas, devido à vulgaridade das ligas usadas na fabricação das cópias e por elas não chegarem nem perto das possibilidades sonoras do original. 

Estima-se que o preço do Saxofone de Trèves esteja hoje na casa dos milhões de dólares. O problema é que ninguém que já o teve em mãos, pelo que se diz, foi capaz de reconhecê-lo – a dificuldade começaria no fato de que, por ser um protótipo, Trèves não se preocupou em identificá-lo. 

Nem o relativamente bem conhecido sinete da oficina de Trèves, presente nas cornetas que ele fabricava, foi colocado no sax. Praticamente todos os que o possuíram alguma vez tomaram-no como um instrumento apenas antigo e bonito, mas com algumas excentricidades técnicas, passando-o depois para frente a preço de banana. Assim, teria sempre estado por aí, solto no mercado, rigorosamente incógnito. 

Para os mais bem informados, talvez só alguns luthiers tenham tido contato com ele sabedores de sua real identidade, já que até o sax de Trèves precisa de vez em quando de pequenos trabalhos de manutenção, como a troca de sapatilhas. Mas os luthiers são famosos pela discrição, além de detestarem se meter em encrencas.

 
* Este capítulo faz parte de O saxofone de Trèves, lançado em agosto de 2020. O livro está à venda em edição impressa e digital na Editora Viseu.