As aves migratórias


Nos aprisionaram no celofane de um dia
que não acaba mais

Um farol de locomotiva ilumina os campos
onde cultivamos a falta de esperança

Passeamos sôfregos pelos andaimes
de uma fábrica em demolição

Onde as aves migratórias constroem seus ninhos
com o ranço das ameixas

Que marinheiro nos oferecerá o sonho
substancioso como um prato do dia?

Enquanto isso
esperamos

Como quem empilha barris de azeitonas
num cemitério de azulejos

Com o desespero dos animais
que não foram escolhidos para a arca

* Este poema é parte de O Mapa-múndi aos pés da cama. Você pode baixar o livro inteiro em PDF. Clique aqui

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